Alimentação infantil: como lidar com o desejo das crianças por açúcar?

Embora o limite de açúcar para crianças seja rígido, um dos maiores desafios é contornar os pedidos e o apetite dos pequenos num mundo cheio de guloseimas

Fácil na teoria, difícil na prática. Entre tantas recomendações dadas aos pais em nome do bem-estar dos filhos, sem dúvida uma das mais complicadas de cumprir, ao lado da restrição de telas, é evitar ou moderar o consumo de açúcar.

Que atire a primeira bala o adulto que nunca comeu um doce escondido dos pequenos, que nunca prometeu sobremesa à turma que almoçasse direitinho ou que nunca usou o chocolate como moeda de troca.

O ponto é que separar os alimentos entre bons e ruins, usá-los como premiação ou mesmo proibi-los atrapalha a relação da criança com a comida.

Sabemos que a alimentação correta até os 2 200 dias de vida é fundamental para o futuro da criança. A partir dos 2 anos, doces são liberados, mas com muitíssima parcimônia.

A Associação Americana do Coração, por exemplo, estipula um limite de 25 gramas de açúcar por dia, o equivalente a 5 colheres de chá. Só que, nessa conta, entra o que adicionamos a receitas e refeições em casa, mas também a quantidade presente nos produtos industrializados. Por que tão pouco? Para reduzir o risco de ganho de peso, cáries e diversas doenças crônicas.

O desafio é que a oferta de guloseimas por aí é imensa. Em casa, na rua, na escola... Cedo ou tarde, as crianças são convidadas a uma eterna festa de Halloween. E o problema é que o ingresso ao mundo dos doces (nem tanto das travessuras) está acontecendo cada vez mais precocemente.

É sobre isso que joga luz o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), que acompanha 14 558 crianças menores de 5 anos pelo país. Esse trabalho descobriu que, entre bebês de 6 a 23 meses, a frequência de exposição ao açúcar chega a quase 70%, e, na faixa dos 2 aos 5 anos, bate 87%.

E não falamos só do açúcar refinado e das colheradas em sucos, frutas e afins. As doses a mais também se escondem em produtos prontos à venda no supermercado, que viraram presenças marcantes nas refeições em casa e nas lancheiras da escola.

Adoçar com quê?

Açúcar refinado, mascavo, frutose, melado de cana…Tanto faz se pensarmos que tudo vai virar glicose no organismo. “Qualquer tipo em excesso provoca problemas. A diferença está apenas no processo de refinamento”, crava o pediatra Mauro Fisberg. O professor sublinha que, no refinamento do açúcar branco, o preparo perde minerais e ganha aditivos. Então ele teria desvantagens em relação ao mascavo, por exemplo. Mas, de novo, a moderação vale para qualquer um.

Fonte: Saúde Abril