Cerdas de 82% das escovas brasileiras podem danificar gengivas e dentes

Segundo estudo da Universidade de São Paulo, as regras para fabricação das escovas são muito flexíveis; Anvisa promete considerar os resultados da pesquisa

Um estudo feito na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) indica que 82% das escovas de dentes comercializadas no Brasil podem trazer prejuízos à saúde bucal.

Essa análise se aprofundou na qualidade das cerdas de mais de 300 modelos do produto. Quando observadas por um microscópio, a maioria delas não atendia aos critérios considerados adequados por especialistas.

A pesquisadora encontrou cerdas afiadas nas escovas analisadas, que podem causar fissuras na gengiva e arranhar o esmalte dos dentes. Já o número delas variou de 500 a 7 500, e a quantidade de tufos oscilou entre 13 e 65.

Para ter ideia, uma boa escova precisa apresentar, no mínimo, 18 tufos, com 80 cerdas em cada um, totalizando 1 440 cerdas, e estas devem estar polidas, com formato arredondado.

Anvisa afirma fazer testes por amostragem

Se a pesquisadora utilizou um microscópio para verificar a qualidade das cerdas das escovas, como o consumidor pode ter a certeza de que está levando a melhor delas para casa?

“Essa é a pergunta mais difícil de responder, porque o problema começa nas normas que definem a comercialização desses produtos”, diz Sônia Regina. Sem regras rígidas, os órgãos de fiscalização não conseguem agir.

As orientações mais recentes publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são de 2022. A ideia dessa resolução seria atualizar as mais antigas, inclusive uma de 2017, citada na tese, mas não ocorreu nenhuma evolução.

Esse tipo de produto não precisa passar por uma aprovação da agência reguladora, basta a empresa ter a licença para fabricá-los.

Então, como escolher a melhor escova?

Sônia defende que as escovas macias são as melhores escolhas. “Elas conseguem se dobrar durante a escovação e penetrar entre as gengivas”, descreve a cirurgiã-dentista.

Quando trocar de escova?

A própria resolução da Anvisa pede que a embalagem dos produtos indique a troca da escova a cada três meses.

Fonte: Saúde Abril