Infarto e AVC: mais de 90% das pessoas em alto risco não se tratam direito

Estudo pioneiro utiliza base de dados com registros de milhões de pessoas e chega a conclusão alarmante sobre a saúde cardiovascular do brasileiro

Em uma análise de dados de mais de 2 milhões de brasileiros, pesquisadores descobriram que apenas 6,7% das pessoas que já sofreram infarto ou acidente vascular cerebral (AVC) tomam estatinas, medicamentos que diminuem o risco de um segundo evento.

A grande maioria dos indivíduos (97%) também não utilizava o ácido acetisalicílico, a famosa aspirina, que é prescrita de praxe nesse cenário para prevenir novas panes.

E mais: 92,5% dos hipertensos que já tinham infartado ou tido um derrame não tomavam remédios recomendados para eles. A hipertensão é considerada o principal fator de risco para o AVC.

Os achados estão publicados no periódico Lancet Regional Health. A pesquisa foi feita em parceria entre a empresa epHealth, a Novartis e o Hospital Israelita Albert Einstein. E se destaca pelo tamanho do público analisado.

Um choque de realidade

Quem já infartou ou teve AVC precisa ainda ingerir o remédio em alta dose para manter a taxa de colesterol no sangue pela metade em relação ao usual (50mg ante 100mg para a população em geral). “E somente 0,6% dos indivíduos avaliados usavam as doses corretas”.

Outro ponto de preocupação é em relação à hipertensão.

Evidências de mundo real

Com o avanço do uso da tecnologia, as evidências de mundo real têm ganhado destaque na comunidade científica.

Entre as vantagens, estão o aproveitamento de dados que já são gerados pelo sistema de saúde, o baixo custo, o menor tempo de execução e a possibilidade de agregar mais diversidade às pesquisas clínicas.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e incapacidade, e elas são preveníveis com o manejo adequado.

Fonte: Saúde Abril